sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sim Senhor


Nos últimos anos Jim Carrey resolveu dar uma guinada na carreira, optando por filmes mais sérios. O que não o impede de, volta e meia, retornar à comédia, gênero que o consagrou. Entretanto mesmo estes retornos têm se caracterizado por uma escolha mais minuciosa, que não explore apenas seu lado histriônico. Sim, o Jim Carrey careteiro está presente, como não poderia deixar de ser em um filme deste tipo. Mas não é só isso, o roteiro tem colaborado. É o que acontece com Sim Senhor.Sob certos aspectos, a história lembra O Mentiroso. Se antes Carrey era obrigado a falar sempre a verdade, aqui ele precisa aceitar toda e qualquer proposta que lhe façam. Resultado de um culto de auto-ajuda ao qual comparece, que prega que sempre se diga sim na vida. Em ambos os filmes, a obrigação faz com que Carrey se envolva em diversas trapalhadas e situações insólitas. Só que aqui há algo além de cenas divertidas. O "diga sim" pregado é uma óbvia analogia a viver, a se arriscar, a tentar ser feliz. Ao invés de se reprimir ou se isolar, permitir que outras pessoas façam parte de sua vida. É claro que o filme leva isto a extremos, até mesmo para criar momentos cômicos. O cinema hollywoodiano é em grande parte entretenimento, não se pode esquecer disto. Só que o filme não busca apenas fazer rir, é também importante ressaltar isto.Há uma crítica implícita aos cultos de auto-ajuda, em especial aqueles realizados nos Estados Unidos. O lado do espetáculo, grandioso e com o intuito de impressionar os incautos, é nítido. A tentativa de homogeneização das pessoas, através da implementação de um pensamento único existente através de regras pré-concebidas, também é claro. Assim como a importância do livre arbítrio. A grande mensagem que o filme apresenta é que não basta simplesmente fazer, mas que é preciso querer fazer. Isto pode até ser obtido através de auto-ajuda, como ocorre no filme, mas é algo que vem da pessoa. Se não houver um interesse, nada acontece. O culto é apenas um meio que possibilita este início, nada além disto. A aceitação de Carl Allen, personagem de Carrey, é muito mais importante do que qualquer pregação apresentada. O livre arbítrio, o direito que cada um tem de decidir o que fazer de sua vida, é o que conta. É esta a conclusão de Sim Senhor.Independente de mensagens transmitidas, o filme diverte. Carrey está à vontade no papel e, como de hábito, atrai as atenções para si, ofuscando boa parte dos coadjuvantes. Destaque especial para a festa baseada em Harry Potter, pela situação apresentada e a caracterização dos envolvidos. Para quem já leu os livros ou viu os filmes, é impossível não rir.

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